Como os micróbios podem ajudar a combater as alterações climáticas
Uma nova tecnologia emergente promete ajudar na luta contra as alterações climáticas, ao capturar dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e transformá-lo em produtos úteis. Através do uso de microrganismos, conhecidos como ‘micróbios capturadores de carbono’, é possível reduzir as emissões de gases de efeito de estufa e criar novas oportunidades económicas.
Os microrganismos capturadores de carbono utilizam duas abordagens principais para absorver o CO2:
- Fotobiorreatores: Estes sistemas utilizam organismos fotossintéticos, como cianobactérias e microalgas, que absorvem CO2 da atmosfera. Estes microrganismos, colocados num tanque, utilizam a luz solar para transformar o CO2 em produtos como biodiesel e rações para animais.
- Microrganismos que usam energia química: Outra abordagem utiliza microrganismos que capturam CO2 com a ajuda de energia obtida de fontes como hidrogénio, resíduos orgânicos ou produtos químicos derivados do CO2. Esta técnica não depende da luz solar, podendo ser utilizada em diversas condições ambientais.
A captura de carbono microbiana oferece múltiplos benefícios. Além de contribuir para a redução das emissões de CO2, permite a produção de produtos de elevado valor comercial, como combustíveis renováveis e fertilizantes. Assim, as empresas podem transformar o CO2 capturado em produtos úteis, evitando os custos associados à compensação de emissões.
Apesar das vantagens, a tecnologia de captura de carbono microbiana ainda enfrenta alguns desafios: os microrganismos são mais eficazes em condições de baixa temperatura, o que dificulta a sua aplicação em indústrias que emitem gases de escape quentes. É necessário o uso de instalações de arrefecimento, o que aumenta os custos energéticos. Além disso, a instalação de sistemas de captura de carbono microbiana é dispendiosa. No entanto, o valor dos produtos que podem ser gerados ajuda a compensar este investimento inicial.
Por último, para funcionar de forma eficiente, esta tecnologia requer uma fonte abundante de luz solar ou de energia renovável, algo que nem sempre está disponível em todas as regiões.
Apesar dos desafios, o interesse na captura de carbono microbiana tem vindo a crescer. Em 2022, os investimentos globais na tecnologia atingiram 5,8 mil milhões de euros, demonstrando o seu potencial. Empresas de vários países, como Israel, Espanha e Estados Unidos, estão a realizar testes em instalações piloto para avaliar a viabilidade comercial desta inovação.
Os setores que mais investiram em micróbios capturadores de carbono entre 2021 e 2023 foram:
Serviços ambientais: 2,2 mil milhões de euros
Agricultura: 765 milhões de euros
Energia e utilidades: 560 milhões de euros
Cuidados de saúde: 466 milhões de euros
Internet: 150 milhões de euros
A Comunidade Intermunicipal do Oeste continuará a acompanhar o desenvolvimento desta tecnologia inovadora e o seu potencial impacto na nossa região. A utilização de micróbios capturadores de carbono pode representar uma solução importante na transição para um futuro mais sustentável, com menores emissões de gases de efeito de estufa.