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Educação e Formação

“Os alunos no Oeste são mais afáveis e próximos dos professores”

12 de setembro, 2024
Oeste CIM
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São quase 50 mil os alunos que regressam às aulas nos 12 municípios do Oeste. Um desafio renovado para crianças e jovens, mas também para os professores. É o caso de Rita Costa: natural do Algarve, leciona na região há vários anos e dá-nos conta das suas expectativas, do que ainda a move e do contexto que a nossa região oferece a quem tem a missão de proporcionar as ferramentas aos homens e mulheres de amanhã.

- Quais são as expectativas para este ano letivo?

- Este ano vou lecionar a disciplina de química a alunos de 12.º ano e também tenho educação de adultos à noite. Este ano, uma vez que sou coordenadora do projeto Erasmus, é um grande orgulho fazer parte de projetos como este. Ao fazer parte do processo, as minhas expectativas passam por ser uma experiência enriquecedora para os alunos e que lhe traga mais valias a todos os níveis (autonomia, autoconfiança, independência, gestão de dinheiro e rotinas, partilha de casa, aprendizagem de uma nova língua, hábitos e realidades diferentes daqueles que têm em Portugal).  

- Sempre quis ser professora?

- Não, curiosamente não. Eu dizia que era a última coisa que iria ser.

- Como é que a profissão de professora surgiu na sua vida?

- Quando acabei o curso convidaram-me para dar aulas práticas na universidade a alunos de um curso profissional de análises laboratoriais. Os alunos eram mais ao menos da minha idade, na altura e gostei muito da experiência.  

- O que a motiva para continuar a lecionar?

- O que motiva todos os dias é fazer coisas diferentes, porque cada aluno é diferente. Em cada turma é preciso conhecer cada aluno e adaptar o ensino para conseguir atrair a atenção de todos. Só o que está nos manuais não é suficiente para fazer isso, por isso temos de criar estratégias e diferentes maneiras de abordar os temas, a fim de serem mais interessantes.  Gosto muito de fazer projetos com os meus alunos, porque isso também os prepara melhor para a universidade. Um projeto leva os alunos a terem de delinear um plano, as etapas que têm de ser feitas, a gestão do tempo, e o que querem concretizar. Temos de os ensinar a saber trabalhar noutras vertentes que não seja só pegar num livro e estudar o que está lá. Sinto que como professora também tive de adaptar o meu ensino para novas competências dos alunos. A realidade atualmente é diferente do que era há uns anos.

- Há turmas mais especiais que outras?

- Não, todas as turmas são especiais, umas de uma formas outras de outra. Mas há turmas que nos marcam, eu tive uma turma que era muito boa porque eram alunos muito aplicados, focados, eram muito lutadores pelos objetivos, queriam sempre fazer melhor e entreajudavam-se muito, apesar de haver um despique saudável.

- Ao longo destes anos, o que é que a deixou mais orgulhosa enquanto professora?

- É o facto de os alunos, passado uns anos, virem ter comigo e ainda me conhecerem, recordarem-se de aulas que tivemos. É um sentimento de missão cumprida, porque de certa forma ajudámos e marcámos alguma etapa da vida deles. Às vezes há coisas simples que nós dizemos que achamos que não têm impacto nos alunos, mas que têm. Uma vez tive um aluno que não gostava de estudar, que não precisava daquilo para nada e que era difícil, e na altura disse-lhe “o maior obstáculo para nós aprendermos alguma coisa somos nós mesmos, porque nos recusamos a aprender”. Mais tarde, no final do ano, ele escreveu uma opinião sobre o ano letivo e referiu que o tinha feito mudar a visão de como ele encarava o estudo. Outro momento que me deixa muito feliz é quando os alunos me convidam para a bênção das fitas, quando terminam a licenciatura ou às apresentações de projetos finais. Muitos pedem-me para assinar as fitas.   

- Como é lecionar na Região Oeste?

- Já lecionei em Alcobaça, Torres Vedras, Loures, Cascais e Mafra. Para mim, a grande diferença é que os alunos no Oeste são mais afáveis e próximos dos professores. Na zona de Cascais senti que havia alunos que se sentiam superiores a mim pelo seu estatuto social e os outros que eram mais carenciados e que eram postos de parte pelos colegas. O feedback que temos na nossa escola é que os alunos gostam todos muito do ambiente da escola, da proximidade com os professores e sentem-se apoiados pelos colegas, quer no ensino regular quer no ensino profissional.

- O que seria ideal mudar para melhorar a profissão de professor?

- Há pessoas que dizem que devemos substituir os professores por ferramentas digitais, mas na minha opinião o digital é impessoal. Uma coisa é lermos, outra é ouvirmos e termos a explicação porque é que está escrito assim, a própria ‘discussão’ e contexto de sala de aula é muito importante. Por muito que se evolua, o papel do professor vai ser sempre essencial. Cabe-nos adaptar a forma como ensinamos e incluirmos algumas novas tecnologias, uma vez que essa é a realidade em que vivemos e os alunos procuram cada vez mais essas ferramentas digitais. No ensino um professor deve procurar estar sempre atualizado para melhor ir ao encontro dos seus alunos, principalmente na área da ciência e tecnologia, uma vez que a evolução está a ser muito rápida.

- Que mensagem gostaria de deixar a todos os alunos, neste regresso às aulas?

- Aproveitem as aulas e esclareçam logo as dúvidas que vão surgindo.

Última Atualização 12 setembro, 2024

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